Tudo
à minha volta diz: “- É natal, é Natal!”
Só
os meus olhos parecem gritar: “- Não, não é Natal!”
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Sim, “já foi Natal!” num passado, hoje perdido.
Se
hoje fosse Natal,
O
meu coração não choraria,
Os
meus olhos não se fechariam para os verdes dos pinheiros
Para
os amarelos cintilantes, para os vermelhos dos Pais Natal.
Se
hoje fosse Natal,
As
minhas mãos não paralisariam,
Os
meus gestos não seriam curtos,
O
meu coração bateria como o sino da torre da igreja
E
os meus passos seriam de gigante.
Se
hoje fosse Natal,
Eu
teria o meu pai ao meu lado,
Os
meus irmãos à minha volta,
Uma
mãe feliz e contente,
Uma
enorme fogueira a crepitar
Na
nossa lareira da aldeia.
Haveria
um Menino Jesus que de mim não se esqueceria
E
toneladas de amor no meu sapatinho colocaria
Como
se fossem pepitas de oiro a despertar muitos ais!
Não
me vendam aquilo que eu não quero comprar,
Não
me impinjam histórias de encantar,
Deixem-me
antes gritar: “Hoje, não é Natal!
Mas
o pior é pensar que amanhã também não será Natal!
Professora Emília
Barbeira. Escola da Sé
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