segunda-feira, 2 de novembro de 2015

A motivação é o diabo

(...)Mas será que alguma criança nasce desmotivada para crescer ou para aprender? Não! E será que, em relação à motivação, uns a tenham e outros não? De forma alguma. A motivação ganha-se ou perde-se; nunca se detém. O que acontece, então, para que um aluno pareça tornar-se... desmotivado? Em primeiro lugar, as crianças (como todos nós) só se sentem motivadas quando estão a ganhar. Sendo assim, é banal (e saudável, até) que, sempre que não se entendam a ganhar como desejariam, baixem os braços e, duma forma um bocadinho batoteira, desinvistam de uma determinada área que, a certo momento, acabe por lhes trazer alguma dor. É claro que, quanto mais desinvestem, mais ficam tolhidas pelo medo dessa área (tornando-se um bocadinho "burras" em relação a ela). E quanto mais esses dois aspetos dão as mãos, mais as dificuldades se instalam e mais chegam a uma espécie de pré-divórcio em relação a esses conhecimentos que pode nunca mais resolver-se. Em segundo lugar, as crianças só se sentem motivadas, seja para o que for, quando sentem aqueles de quem gostam e que respeitam motivados para si. O que é difícil quando todos, pais e professores, começam por ficar preocupados com algumas dificuldades das crianças e, a seguir, por falta de respostas para elas, vão de preocupação em preocupação e, em vez de solucionarem uma dificuldade, acabam por amplificá-la várias vezes. Finalmente, porque se não há como reabilitar a falta de motivação sem pessoas que convertam em entusiasmo e em simplicidade as dificuldades que, entretanto, se foram enovelando, a falta de motivação acaba por representar aquilo que ela é, realmente: uma forma de desistir sem desistência. Ou, se preferirem: um modo de ir desistindo sem se assumir, de forma aberta, a desistência(...)

Eduardo Sa, LeYa Educação